Acordo na madrugada
e não tenho nada
para comer,
abro o frigorífico em pensamento,
pego um pão de sofrimento,
e tento a fome esquecer.
Meus rebentos ao acordar
vêm me procurar
em busca de alegria,
em busca de algo diferente
até um simples leite quente
para começar o dia
Mas como é triste
a resposta que existe
na minha dor
acabou-se o dinheiro
e está fragilizado o mealheiro
onde busco forças para o amor
Faço fisgas como em criança
só que agora atiro pedras de esperança
porque as fisgas não são iguais
de pau, já não são feitas
nem me preocupo que sejam perfeitas
ou que acertem em pardais
Quero sim que sejam ao menos ilusão
que acertem forte e destruam este não,
palavra forte nesta vida
a qual comigo está vivendo
mais morte que vida parecendo
e eu sem ver uma saída
O meu emprego acabou
mas com as contas para pagar ainda estou
e do dinheiro não sei
tenho dependentes
outrora sorridentes
e sem culpa do que ao cheguei
Até quando vou viver assim
quando é que a crise vai ter um fim
e então viverei com alguma dignidade?
perguntas que faço
quando alguém num abraço
me dá um pouco de solidariedade
04/10/2011